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ENTENDENDO
UM POUCO MAIS
O Renascimento.

Nesses mistérios, a idéia da semente enterrada no solo para renascer para uma vida superior sugere imediatamente uma comparação com o destino humano e fortalece a esperança de que, para o homem, também a sepultura pode ser apenas o começo de uma existência melhor e mais feliz em um luminoso mundo desconhecido.

 

Essa reflexão simples e natural parece perfeitamente suficiente para explicar a associação da deusa dos grãos em Elêusis com o mistério da morte e a esperança de uma imortalidade bem-aventurada. Os antigos consideravam a iniciação nos mistérios eleusínios como uma chave para abrir os portões do paraíso, como se evidencia pelas alusões que autores bem-informados fazem à felicidade que espera os iniciados na outra vida. Os gregos, como nós, tendo a morte à sua frente e um grande amor pela vida no coração, não se detinham muito no exame dos argumentos a favor e contra a possibilidade de imortalidade humana.

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OS ESPÍRITOS DOS GRÃOS
 

Vimos que a morte do rei do bosque era necessária para assegurar a fertilidade da natureza. A morte e a ressurreição de Adônis cumpriam essa missão graças ao princípio da imitação. Frazer explica agora esse princípio com maiores detalhes nas pessoas de duas deusas gregas dos grãos, que não só representavam o cereal, como eram o cereal. Demetér, a mãe, é o cereal velho do ano que passou, e sua filha Perséfone é o cereal novo, do presente ano. O mito dessas duas deusas, que fala da morte anual de Perséfone e do luto de sua mãe, não é, portanto, uma simples parábola, mas um relato histórico da semeadura e da seara que encontra analogias nos costumes relacionados com as colheitas em todo o mundo.

 

Uma vez que a divindade é o cereal, podemos concluir que, quando é comido, isso é um sacramento, porque a divindade é comida. Se consideramos o rei do bosque como uma personificação da vegetação, haveria em Nemi uma possível analogia com esse costume, pois ali pães de forma humana eram consumidos cerimonialmente. Esses pães poderiam, numa época anterior, ter representado o rei, que, como outras personificações das plantações já examinadas, pode ter sido, originalmente, morto todos os anos, por ocasião da colheita.

CAPÍTULO V (versão Brasil 1982)
Aqui você encontra:

Os espíritos dos grãos

1. Demetér e Perséfone

2. A mãe dos grãos e a virgem dos grãos, na Europa e em outros lugares

3. Litierses

4. Devorar o deus

5. O sacramento dos primeiros frutos

6. Devorar o deus

7. Mitos "manii" em Arícia

DIONISIO E A VIDA APÓS A MORTE

O mito grego falava da jornada triunfal de Dioniso, deus do vinho e do êxtase; o deus viajou até o extremo do mundo conhecido e conquistou a humanidade para o seu culto e para o cultivo das vinhas. Dioniso foi morto pelos titãs, criaturas de uma época anterior, que lhe trituraram o corpo como a uva é triturada para que dela se possa extrair o suco com que se faz o vinho. Por isso, mais tarde, o triunfo de Dioniso passou a ser considerado, na Antiguidade, como sinal da vida após a morte, tendo sido retratado com frequência nos sarcófagos. 

A origem da agricultura

Demeter e Persefone enviam Triptolemo num carro alado para ensinar o cultivo dos cereais a humanidade. Vaso ateniense de Makron e Hieron, British Museum, Londres.

O RAMO DE OURO - PREFÁCIO - PARTE 01PARTE 02PARTE 03PARTE 04 - PARTE 05 - PARTE 06 - PARTE 07

Jornada triunfal de Dioniso com as quatro estações.

Sarcófago romano, Staatliche Kunstsammlungen, Kassel.

Os taoistas da China possuiam um rico conhecimento das propriedades sagradas das plantas. Aqui. os imortais chineses desfrutam dos dons da natureza e observam a chegada de Lao Tsin, deus da imortalidade, trazido por um grou. Os pinheiros, as ameixas e os bambus são simbolos da longevidade.

Caixa de bronze e laca, seculo XVI ou XVII. British Museum, Londres.

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