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ENTENDENDO
UM POUCO MAIS
Os jardins de Adônis.

A melhor prova de que Adônis era uma divindade da vegetação, especialmente dos cereais, talvez nos seja proporcionada pelos jardins de Adônis, como eram chamados. Eram cestos ou vasos cheios de terra, nos quais trigo, cevada, alface, funcho e vários tipos de flores eram semeados e cuidados durante oito dias, sobretudo ou exclusivamente por mulheres. Estimuladas pelo calor do sol, as plantas cresciam rapidamente, mas, não tendo raízes, murchavam com igual rapidez e, ao fim de oito dias, eram levadas junto com as imagens de Adônis morto e lançado ao mar ou em outras águas.

Esses jardins de Adônis são, muito naturalmente, interpretados como representações do deus, ou manifestações de seu poder, que, de acordo com a sua natureza original, tomavam forma vegetal, ao passo que suas imagens, com as quais eram levados e jogados à água, o retratavam sob sua forma humana, posterior. Todas essas cerimônias de Adônis, se estamos certos, eram originalmente realizadas como sortilégios para promover o crescimento ou renascimento da vegetação, e o princípio pelo qual se supunha que produziriam tal efeito era o da magia homeopática ou imitativa. As pessoas ignorantes acham que imitando o efeito desejado estão, na realidade, contribuindo para que ele ocorra. Assim, aspergindo água, estão provocando a chuva, acendendo uma fogueira, estão atraindo o sol e assim por diante. Da mesma forma, imitando o crescimento das plantações, esperam conseguir uma boa colheita. 

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Talvez se possa dizer que esse costume generalizado de banhar-se na água ou no sereno, na véspera ou no dia do Solstício de Verão, tenha origem puramente cristã, tendo sido adotado como modo adequado de celebrar o dia dedicado ao Batista. Na realidade, porém, o costume é mais antigo do que o cristianismo, pois foi denunciado e proibido como pagão por Santo Agostinho, e até hoje é praticado no verão pelos povos islâmicos do norte da África.

Podemos conjeturar que a Igreja, incapaz de acabar com esse resquício do paganismo, seguiu sua habitual política de acomodação, dando ao rito um nome cristão e aquiescendo, com um suspiro, em sua realização. E, ao procurarem um santo para suplantar o patrono pagão dos banhos, os doutores cristãos dificilmente poderiam ter encontrado um sucessor mais adequado do que São João Batista.

 

- Os jardins de Adônis

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ADÔNIS
 

Em "O Deus que Morre", Frazer trata da mortalidade dos seres humanos que, como o rei do bosque, personificavam um deus — no seu caso, Júpiter, o deus do carvalho. Passa a examinar, agora, a morte dos próprios deuses que, graças ao seu papel de divindades da vegetação, também estão sujeitos a esse humaníssimo destino.

 

A história é contada através do mito e do culto de Adônis, deus do Mediterrâneo antigo, cuja morte e ressurreição anuais estavam particularmente associadas à morte da natureza no outono e ao seu renascimento na primavera. A ligação entre Adônis e o rei do bosque está no jato de que ambos tinham de morrer para preservar o poder de reprodução da natureza. Mas uma outra ligação entre eles está em que, embora fossem ambos mortais, eram parceiros de deusas imortais. Essa associação é fundamental porque, pela imitação, o intercurso dos sexos assegura a fertilidade da natureza. E a deusa que chora a morte de seu amante e se regozija com seu nascimento na primavera espelha a ordem das estações.

CAPÍTULO IV (versão Brasil 1982)
Aqui você encontra:
  • O mito de Adônis

  • Adônis na Síria

  • Adônis, ontem e hoje

  • O ritual de Adônis

  • Os jardins de Adônis

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A musica e a danca foram empregadas, com frequência, como rituais para ajudar os homens a se aproximar de seus deuses. Os rodopios dos dervixes imitam os movimentos dos ceus e colocam os dancarinos numa relação cósmica com Ala. A musica e as dancas de muitas tribos de indios da America do Sul registram e representam acontecimentos miticos que influenciam a vida dos homens.

 

- O ritual de Adônis

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Placa de prata romana originária de Parabiago, Pinacoteca di Brera. Milão. Foto: Hirmer Fotoarchiv.

Dervixes dancarinos, Rajput, pintura paliari, c. 1740. Los Angeles County Museum of Art, antiga Colecao Nasli e Alice Heeramaneck, Museum Associates Purchase.

Musica e religião: os adoradores são possuídos pelo espirito de sua divindade

Dançarinos patagônios na festa da primavera do deus Vita Uentra, espirito do bem. Gravura vitoriana, Bodleian Library, Oxford.

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Se Adônis foi realmente, como argumentamos, o espírito dos grãos, dificilmente poderia ser encontrado um nome mais adequado para a sua morada do que Belém, "a casa do pão", e ele bem pode ter sido adorado ali, em sua "casa do pão", muitos séculos antes Daquele que disse: "Eu sou o pão da vida".

 

- Os jardins de Adônis

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