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Os thulungs do Nepal dançam em torno de um mastro que representa a árvore cósmica e esguicham um liquido fermentado de recipientes de couro, imitando os poderes reprodutivos masculinos e estimulando a fertilidade da terra.

ENTENDENDO
UM POUCO MAIS
Chamando a alma de volta.
 

Expressões populares nas línguas de povos civilizados como "botar a alma pela boca" mostram o quanto é natural a idéia de que a vida ou a alma podem escapar por esta ou pelo nariz. A alma é, com freqüência, considerada como um pássaro pronto a voar. Essa concepção deixou provavelmente vestígios na maioria das línguas e ainda perdura em metáforas, na poesia. Mas o que é metáfora para um poeta europeu moderno era a verdade real para o seu ancestral selvagem, e ainda é para muitos. Assim, em Java, quando uma criança é colocada no chão pela primeira vez (momento que os povos sem cultura parecem considerar como particularmente perigoso), isso é feito num galinheiro, e a mãe emite sons como se estivesse chamando galinhas. Da mesma forma, no distrito de Sintang, no oeste de Bornéu, se alguém passa por um grande medo, escapa de um sério perigo, retorna depois de uma longa e perigosa viagem, ou presta um juramento solene, a primeira coisa que seus parentes ou amigos fazem é jogar arroz amarelo na sua cabeça, murmurando "Có, có, có! alma!" ("Koer, koer, semangat!").

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Tanto perigos como poderes podem emanar do mesmo objeto. A perda do cabelo por uma pessoa pode colocar em risco a sua vida, mas, inversamente, é possível adquirir poder pela eliminação do cabelo.

 

- Os perigos da alma

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TABU E OS PERIGOS DA ALMA
 

O título de rei do bosque não era uma simples forma vazia, mas que apontava para uma época da Antiguidade remota em que o sacerdote de Diana teria desempenhado funções mágicas e reais. Como se acreditava que esses reis assegurassem o bom tempo e a fertilidade dos campos e dos animais, a maneira pela qual viviam e morriam era da maior importância para seus súditos. Por isso, Frazer examina as formas de assegurar a sobrevivência do rei, tratando primeiro dos perigos que ameaçam a vida (perigos da alma) e, em segundo lugar, das maneiras de superá-los (tabus).

 

Muitos dos perigos a serem superados se fazem sentir de acordo com os mesmos princípios da magia contagiosa, salvo pelo fato de não terem um autor humano. Os tabus destinam-se a conservar a vida, impedindo a ação de contágio ou a magia contagiosa. No caso de um rei, o tabu preserva a sua vida em benefício da sociedade, mas, ao mesmo tempo, protege a sociedade das emanações do poder mágico do rei que poderiam afetá-la, segundo o princípio de contágio. A força do tabu tem, portanto, dois aspectos. O indivíduo, seja ele rei ou plebeu, toma precauções para proteger-se, e essas mesmas precauções protegem simultaneamente o seu vizinho e a sociedade em geral.

 

Tabus são conjuntos de regras que determinam ações e omissões cuja finalidade é a conservação da vida. De acordo com essas regras, as roupas dos tuaregues podem destinar-se a preservar a alma da contaminação do mundo exterior.

CAPÍTULO II (versão Brasil 1982)
Aqui você encontra:
  • O peso da realeza

  • Os perigos da alma

  • Atos e pessoas que são tabu

  • Nossa dívida para com o selvagem

Figura de homem com os signos do Zodíaco, mostrando a influência deste sobre as partes do corpo. Manuscrito medieval, MS Ashmole 370, foi. 28V, Bodleian Library, Oxford.

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"Viemos oferecerte, ó demônio, esta comida, roupas, ouro, etc; toma-os e liberta a alma do paciente por quem rezamos. Deixa que volte ao seu corpo e que ele fique novamente bom".  [...] "Agora a tua alma foi libertada e viverás bem até a velhice, nesta terra".

 

- Os perigos da alma

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